INCONSCIENTE

O inconsciente é um lugar simbólico, não anatômico e atemporal.

Nele não há contradição nem lógica.

É o lugar da “coisa” sem nome, mas que tem uma força que faz com que essas representações retornem a consciência em busca do afeto perdido, ou seja, essas representações  liga-se a alguns objetos externos semelhantes, e se junta com o afeto causando o sofrimento, porque aquele objeto não é o original.

Para o inconsciente está certo, mas a consciência não se satisfaz e sofre.

Como exemplo podemos citar a mulher que em seus relacionamentos busca homens que bebem, tentando de forma inconsciente resolver o alcoolismo do pai.

Outro exemplo que pode ajudar a entender melhor esse conceito: uma criança pode ter tido uma frustração ao ser amamentada e, em decorrência disso, ter atitudes e entraves em sua vida no futuro, que Freud explica;

 “Ela não tem linguagem para saber que aquele objeto é só um mamar”.

A experiência pode ser desprazerosa, então ela não aceita e recalca.

“Na vida adulta, por exemplo, ela pode não gostar de mamão (objeto semelhante), pode desenvolver uma alergia por um determinado alimento (leite) e, no inconsciente, esses objetos representam a mãe”, detalha.

Partindo desse pressuposto, o objeto de trabalho da psicanálise nesse caso vai ser a relação com mãe, ou seja, a causa do problema,  e não a alergia provocada pelo alimento, que é apenas um sintoma.

“É dessa forma que os conteúdos inconscientes se apresentam na consciência. O analista conhece esses processos e vai trabalhar outra representação que está relacionada ao sintoma.

“O inconsciente traz outra cena que não é clara para a consciência”.

A contribuição freudiana sobre o inconsciente fez com que houvesse uma nova compreensão do sujeito.

“O ser humano freudiano não é o ser da consciência, não é o ser cartesiano colocado por René de Descartes.

O ser humano freudiano é o ser do inconsciente: existo verdadeiramente onde não penso.

O ser humano também não é um ser instintivo, é impulsivo.

Os nossos instintos natos são desnaturalizados pelos afetos.

“A visão do ser humano e sobre o ser humano depois de Freud nunca mais foi à mesma, mesmo havendo controvérsia”.

Considero o ser humano um ser metafórico, com significantes que se manifestam simbolicamente, o que torna difícil o resultado terapêutico através de técnicas  positivas.

Dr. José Carlos M. M. de Carvalho

Dentista e Psicanalista Percurso de Psicanálise da ABMPDF